Gente li este texto e me senti refletida, o que nos falta a todos é apenas utilizar corretamente a palavra Generosidade, independentes de cor, raça, religião, ideias políticas... esta palavra se prega a todos!
Mas o qual é o significado da mesma? Generosidade é a virtude
em que a pessoa ou o animal tem quando acrescenta algo ao próximo.
Generosidade se aplica também quando a pessoa que dá algo a alguém tem o
suficiente para dividir ou não. Não se limita apenas em bens materiais.
Generosos são tanto as pessoas que se sentem bem em dividir um tesouro
com mais pessoas porque isso as fará bem, tanto quanto aquela pessoa que
dividirá um tempo agradável para outros sem a necessidade de receber
algo em troca. Vejam esta nota escrita por Bel Cesar no site: http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/c.asp?id=4040
:: Bel Cesar ::
Não vejo diferença entre estar no ano 2000 ou no ano 900.
Os números são só uma forma de contar o tempo.
Se todos os dias a gente fizer coisas boas a mais e coisas ruins a menos,
vai ser possível a gente se libertar do sofrimento antes de o século terminar.
Lama Michel Rinpoche, aos 13 anos.
A primeira prática da travessia é a Paramita da Generosidade.
Segundo a filosofia budista existem quatro formas de generosidade:
- Partilhar os ensinamentos que geram paz interior da forma adequada à
mente e à cultura das pessoas, sem esperar pagamento ou recompensa.
- Oferecer coisas materiais, como nosso corpo e nossos recursos.
- Oferecer proteção, consolo e coragem. Podemos proteger os outros de perigos de outros humanos, de não-humanos e dos elementos.
- Oferecer amor (oferecer incondicionalmente aos outros nosso tempo, apoio emocional, energia positiva e boas vibrações).
A generosidade é o antídoto da avareza. É o melhor investimento contra a
pobreza emocional e material futura. Por meio da generosidade nos
abrimos para a vida, perdemos o medo de nos comunicar.
Desenvolver a habilidade de sermos generosos é um ato de grande auto-estima.
Durante uma sessão de psicoterapia, uma paciente me perguntou nervosa:
Mas, afinal de contas, o que é generosidade?. No impulso respondi: É a
disponibilidade que temos de compartilhar nossa abundância. Então, com
um tom de voz frustrado, ela me disse: Se eu estou sempre na falta,
nunca vou poder ser generosa?. Então, conclui: Bom, só podemos dar o que
temos, senão seria como fazer milagres com o santo do outro. Mas não
medimos nossa generosidade por nossas posses, mas pela disponibilidade
de compartilhá-las.
Existe um limite para a generosidade, já que, em termos concretos, não
podemos oferecer tudo. No entanto, internamente, devemos, sem hesitação,
estar sempre abertos a doar. Nós temos sempre algo para oferecer aos
outros, mesmo que estejamos nos sentindo carentes.
Lama Zopa Rinpoche quando nos visitou em São Paulo, ficou impressionado
com a quantidade de crianças carentes pedindo esmola na rua. Então, ele
me disse: Em geral dizemos para os pedintes: ‘Desculpe, eu não tenho
nada para te dar’. Seria melhor sorrir e se calar mantendo internamente
um estado de querer oferecer alguma coisa, mesmo que concretamente você
não lhe dê nada. Se você desejar que ele possa sair do sofrimento, já
estará lhe oferecendo algo de positivo.
A prática de dar e receber ao mesmo tempo
A disponibilidade interna de oferecer algo está totalmente ligada à
nossa auto-imagem. Na realidade, nós vivemos muitos conflitos em torno
da prática de dar e receber. Muitas pessoas preferem dar a receber;
outras, ao contrário, preferem receber e acham que nunca têm nada para
oferecer. Quando nos alegramos verdadeiramente com algo que recebemos ou
quando alguém está de fato feliz em nos oferecer alguma coisa, uma
energia muito particular de alegria intensa é gerada. Por quê? Porque
neste momento dar e receber ocorrem simultaneamente. São poucas as vezes
que isso, de fato, acontece.
Isto me faz lembrar quando recebi as instruções de Lama Gangchen
Rinpoche sobre o uso de suas pílulas abençoadas, conhecidas como as
pílulas de recuperação da energia das Bodhichittas
branca e vermelha. Essas pílulas são usadas na medicina tibetana. São
feitas de ervas e pedras preciosas, uma receita muito antiga da linhagem
de Lama Gangchen. A produção das pílulas requer um conhecimento muito
preciso sobre influência das estrelas e dos planetas no crescimento e
colheita das plantas medicinais. Normalmente elas são colocadas em um
creme ou na água, que funcionam como o veículo para sua energia sutil, e
são usadas nas bênçãos.
Naquela ocasião, Lama Gangchen me disse: O poder destas pílulas está em
sua força sutil. Basta passar os dedos sobre elas e pegar um pouco do
creme. O poder delas jamais se extingue, pois elas são capazes de dar e
receber energia ao mesmo tempo, ao contrário dos ocidentais que quando
estão dando não pensam que podem receber e vice-versa.
Uma boa maneira de treinar a mente a oferecer algo com verdadeira
generosidade, isto é, livre de qualquer sensação de apego ao objeto
oferecido, e da idéia de receber alguma recompensa por este ato, é fazer
oferendas de água num altar. Segundo a tradição budista, oferecemos
água para aos Buddhas com os quais realizamos a prática de meditação.
Não fazemos oferendas aos Buddhas porque eles necessitem delas, mas sim,
para criar um potencial positivo e desenvolver nossa mente.
Em geral, temos muito apego, somos mesquinhos: ficamos com o maior e o
melhor e damos para os outros somente o que não queremos mais. Por isso,
sempre nos sentimos pobres e insatisfeitos. E sempre tememos perder o
que temos. É para quebrar esses hábitos destrutivos causados pelo apego,
que fazemos a prática das oferendas.
Oferecer a água é um bom treino para a verdadeira generosidade porque
como ela é quase sempre acessível e abundante, podemos oferecê-la sem
nos contaminar pelo sentimento de perda, tão comum quando temos apego
por aquilo que estamos oferecendo. Após abençoar, com mantras e
visualizações, os potinhos de água, não devemos vê-los como simples
objetos, mas sim transformados na beatitude da sabedoria transcendental.
No final do dia, podemos jogar a água dos potes sobre plantas para
abençoá-las. Uma vez vazios, os potes devem ser colocados de lado,
apoiados uns sobre os outros, e não emborcados.
Texto extraído do O livro das Emoções - Reflexões inspiradas na Psicologia do Budismo Tibetano de Bel César, Ed. Gaia.
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