Eugene Fama disse que governos altamente endividados nos EUA e Europa representam ameaça constante para economia global.
Eugene Fama, um dos três americanos que venceram o
Prêmio Nobel de Economia deste ano disse que déficits públicos inchados
nos dois lados do Atlântico significam que a recessão continua sendo um
risco real em 2014.
Fama, que dividiu a premiação de 9 milhões de coroas
suecas (1,2 milhão de dólares) deste ano com Robert Shiller e Lars Peter
Hansen, disse neste sábado que os governos altamente endividados nos
Estados Unidos e na Europa representam uma ameaça constante para a
economia global.
"Pode chegar o ponto em que os mercados financeiros
dirão que nenhuma dessas dívidas tem credibilidade mais e eles não
poderão se financiar", disse ele à Reuters na capital sueca, onde
receberá o prêmio na terça-feira. "Se houver outra recessão, será
mundial", acrescentou.
Fama, que tem sido chamado de pai das finanças modernas e
dividiu o prêmio por sua pesquisa sobre preços de mercado e bolhas de
ativos, minimizou o dado positivo sobre o mercado de trabalho dos
Estados Unidos divulgado nesta semana. "Não estou tranquilizado, de
forma nenhuma", comentou.
A taxa de desemprego nos EUA caiu para 7%, a menor em
cinco anos, em novembro, e as empresas contrataram mais do que se
esperava. "A recuperação do mercado de trabalho tem sido terrível. A
única razão para a taxa de desemprego ser de 7%, que é alta para os
padrões históricos dos EUA, é que as pessoas desistiram de continuar a
procurar emprego", disse.
"Simplesmente não acho que vamos sair (da recessão)
muito bem", completou. Fama, que em 1970 argumentou que os mercados são
eficientes e que os preços refletem todas as informações publicamente
disponíveis, disse que dará o dinheiro de seu prêmio à Universidade de
Chicago, onde é professor.
Questionado sobre os recentes altos preços dos mercados
de ações, Fama disse acreditar que as empresas se tornaram muito mais
eficientes depois da crise financeira de 2008-2009.
"A resposta das empresas após a recessão foi tornarem-se
mais enxutas, tornarem-se mais eficientes e elas ficaram bastante
lucrativas, então seus preços continuam a se apreciar", disse.
A teoria de Fama implica que nada pode sistematicamente
superar o desempenho do mercado. Ele disse que mantém todos seus
investimentos pessoais em fundos indexados, um tipo de fundo que
acompanha o desempenho de um índice do mercado, como o S&P 500.
Fonte: Revista Isto é, Dezembro de 2013.
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