sábado, 24 de março de 2012

O humor, sem Chico, perde a graça... O Brasil perde um grande arttista e que nos vai deixar muitas saudades

O maior humorista brasileiro deixa a cena e uma galeria de personagens extraordinários que marcou várias gerações
Marcos Diego Nogueira


“O brasileiro só tem três problemas: café, almoço e jantar”
Chico Anysio



O Brasil ficou mais triste na tarde da sexta-feira 23 – e em raros momentos essa máxima foi tão literal. Morreu Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, o Chico Anysio, maior humorista brasileiro de todos os tempos, o homem que ao longo de 65 anos de carreira no rádio, no teatro, no cinema e na tevê só trouxe alegrias ao seu público. Internado devido a um sangramento no aparelho digestivo desde o dia 22 de dezembro do ano passado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, Chico Anysio respirava com a ajuda de aparelhos e apresentou uma piora nas funções respiratórias e renais a partir da quarta-feira. Tinha 80 anos.

Com a despedida do humorista, fecha-se o grande ciclo do humor inteligente, fruto da observação e da perspicácia ao retratar a realidade política e social. Chico Anysio se desdobrou em ator, escritor, músico, poeta e pintor e sabia captar como poucos as mazelas e trejeitos do povo brasileiro e, dessa forma, dar vida a mais de 200 personagens antológicos – eles habitavam uma espécie de cidade particular, a Chico City. A incrível versatilidade se manifestou já na juventude, quando começou a trabalhar em rádio nos anos 1950, alternando funções de radialista e comentarista esportivo. Estreou na televisão em 1957, no programa “Noite de Gala”. Dois anos depois, protagonizou “Só Tem Tantã”, embrião do que viria a ser o “Chico Total”, quando lançou tipos de sucesso instantâneo, caso do ator e símbolo sexual Alberto Roberto, do vampiro brasileiro Bento Carneiro e da “amiga” do presidente João Figueiredo, Salomé. Seus bordões fazem parte do imaginário televisivo: “Afffe! Tô morta” (Painho), “É mentira, Terta?”(Pantaleão) e “Não garavo mais” (Alberto Roberto), entre tantos outros.

Cearense de Maranguape, Chico Anysio mudou-se para o Rio de Janeiro aos 8 anos. Casou-se seis vezes – há 13 anos vivia com a empresária Malga Di Paula. Deixa oito filhos, entre eles Bruno Mazzeo e Lug de Paula. Era uma das estrelas mais antigas da Rede Globo (foi contratado em 1968) e acumulava as funções de autor e diretor de seus programas: “Chico City” (de 1973 a 1980), “Chico Anysio Show” (de 1982 a 1990) e “Escolinha do Professor Raimundo” (de 1990 a 2002), de onde saiu grande parte da nova geração do humor. “Ele era um norte para nós comediantes”, disse Lúcio Mauro Filho.

Chico, perdemos um grande artista, mas na nossa memória você estará presente com os seus mais de 209 personagens, saudades sentiremos.

Reportagem Revista Isto é

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