Lei determina que a caixinha faça parte da remuneração do empregado para fins legais. Clientes questionam destino real da gorjeta.
Reportagem do Jornal Nacional TV Globo.
Em São Paulo, tem restaurante recorrendo de decisão da Justiça do Trabalho que inclui a caixinha no salário dos funcionários. O assunto rende na hora que chega a conta na mesa.
Dar gorjeta faz parte da tradição. O que pouca gente sabe é que a famosa caixinha também está na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). E a lei é clara: para fins legais, gorjeta faz parte da remuneração do empregado.
Um restaurante ainda é um caso raro. No estabelecimento, as gorjetas incluídas nas contas não são repassadas por fora, informalmente. Aparecem nos contracheques de garçons e outros empregados. O salário bruto aumenta, e os descontos também.
“Você tem um desconto alto do que estava acostumado a ter anteriormente. Só que é uma coisa que, a longo prazo, você vai ter de retorno”, diz o maître Edilson Azevedo.
“O fundo de garantia descontado é maior, assim como o décimo terceiro e as férias. Tudo isso entra em um beneficio melhor para gente”, ressalta o garçom Marcos Paulo Elício.
“O que é importante para o trabalhador? Ele se aposenta com o ganho real, em vez do salário fixo irrisório”, destaca Francisco Lacerda, do Sindicato dos Trabalhadores em Restaurantes e Bares.
Os patrões resumem a questão em uma frase: “Aumentou nossa folha de pagamento”.
E a Associação Brasileira dos Bares e Restaurantes protesta. “Com isso, o estado arrecada mais. Perde o dono do restaurante, perde o garçom, perde o próprio cliente, que quer dar a gorjeta para o garçom e não para o estado”, avalia Percival Maricato, da Associação dos Bares e Restaurantes.
Na cabeça de quem paga a conta e a gorjeta, a novidade realimenta uma série de dúvidas nunca muito bem esclarecidas sobre o destino do dinheiro da caixinha.
“Pergunto às vezes se vai para a casa ou se vai para o garçom”, diz uma cliente.
“A gente paga porque não sabe se eles recebem”, comenta outro cliente.
Para muita gente, o melhor mesmo seria fazer como na maioria dos países, onde conta e gorjeta não se misturam.
“Você da se você quiser. Aí, é uma relação direta do consumidor com o garçom. Tratou bem, você paga na hora. Não tratou, obrigado”, conclui o publicitário Ivan Serra.
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