“Estamos vivendo uma epidemia de obesidade e existe um esforço da sociedade para ensinar as crianças a se alimentarem melhor”, afirma acoordenadora do projeto Criança e Consumo Isabela Henriques.
Redação ÉPOCA, com Agência Estado
O Instituto Datafolha divulgou nova pesquisa nesta segunda-feira (30) apontando que a grande maioria dos pais acreditam na má influência de propagandas de alimentos não saudáveis. Quase 80% dos entrevistados, pais de crianças de até 11 anos, afirmaram que a publicidade de fast food e outros alimentos do gênero prejudicam os hábitos alimentares de seus filhos. Para 76%, essas propagandas dificultam na educação alimentar.
78% também creem que a publicidade é a principal responsável pelas crianças “amolarem” os pais na hora de comprar os produtos anunciados. O levantamento foi encomendado pelo Instituto Alana, ONG que luta pela regulamentação da publicidade dirigida à criança, e foi feito com 596 pessoas em todo o país. Isabela Henriques, coordenadora do projeto Criança e Consumo, explica que foram considerados como “alimentos não saudáveis” aqueles com alto teor de gordura, sódio ou açúcar.
“Estamos vivendo uma epidemia de obesidade e existe um esforço da sociedade para ensinar as crianças a se alimentarem melhor”, afirma Isabela. Mas a indústria de alimentos, diz ela, vai na contramão ao estimular as crianças a consumir produtos ricos em calorias e pobres em nutrientes. “A pesquisa mostra que os pais estão pedindo ajuda. Sozinhos, não conseguem frear esse bombardeio.”
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discute desde 2006 a regulamentação da publicidade de alimentos não saudáveis, principalmente para crianças. Assim como foi feito com as propagandas de cervejas, pensava-se proibir certos tipos de animação. No ano passado, a agência publicou uma resolução determinando que esse tipo de propaganda fosse acompanhado de alertas para possíveis riscos à saúde, no caso de consumo excessivo.
A regra foi suspensa graças a uma liminar concedida pela Justiça Federal em favor da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia). O presidente da Abia, Edmundo Klotz, afirma que “discutir a publicidade de alimentos é uma coisa do passado”. A indústria, diz ele, está trabalhando para deixar seus produtos mais saudáveis em vez de discutir teorias.
“Praticamente eliminamos a gordura trans. Agora estamos reduzindo o teor de sódio. Até 2020, devemos atingir um ideal de ‘saudabilidade’”, diz.

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